A obviedade das resenhas de Mighty Gunvolt Burst



     Vasculhando o Youtube como quem "zapeia" canais da televisão no fim de noite, me deparei com uma análise de Mighty Gunvolt Burst. Como era de um canal que eu costumava gostar, resolvi dar uma chance. Ledo engano. A obviedade de comparar tal jogo com Mighty No. 9 é tentadora e quase inevitável, mas por mais coerente que seja, é superficial. O problema é que esse vídeo, como tantos outros, aparentemente se contentam com a simplicidade de dizer que Mighty Gunvolt Burst é quase como Mighty No. 9, só que bom. Mas o jogo é apenas isso?

Mighty Gunvolt (o original) - Absurdamente ignorado


     Não sei, pois ainda não joguei o jogo em questão. Mas o primeiro Mighty Gunvolt era um tanto quanto diferente de Mighty No. 9, assim como era de Azure Striker Gunvolt. E isso nem é algo espantoso quando se coloca tal jogo dentro de um contexto mais amplo. Em 2007, quando Mega Man ZX Advent foi lançado, um "modo 8-bits" foi incluído no jogo como um pequeno bonus. Não era algo extraordinário, mas era divertido e servia, de certo modo, como um primeiro contato da Inti Creates com os moldes mais tradicionais de Mega Man. E isso seria importante, pois no ano seguinte a mesma lançaria Mega Man 9, um Mega Man moderno feito inteiramente em 8-bits. Desde a época de seu lançamento eu me pergunto se tal "modo 8-bits" possui alguma relação com Mega Man 9. Talvez seja coincidência, talvez fosse uma pista de que a Inti Creates já estava brincando um pouco mais com a estética retro. E a brincadeira deu mais frutos, pois Mega Man 10 também foi feito pela mesma Inti Creates com o mesmo visual retro. E aparentemente nada disso importa nessas resenhas, pois se é possível usar Mighty No. 9 como pau de escora, porquê se preocupar com o resto?

Mega Man 9

     Isso me incomodou de verdade. Como já disse, eu não joguei Mighty Gunvolt Burst. O que não me impediu de ver o jogo em ação. E sabem qual a sensação que eu fiquei? A de que o jogo é mais próximo de um suposto Mega Man 11 (e sem essa de sucessor espiritual, por favor) do que de Mighty no. 9, mesmo com Beck e companhia dando as caras no jogo. É claro, essa é minha opinião de jogador de Youtube, mas da mesma forma que não se pode negligenciar as similaridades com Mighty No. 9, não se pode negligenciar o histórico da Inti Creates com o 8-bits. Quando joguei o primeiro Mighty Gunvolt, a sensação que eu tive era a de que o jogo se assemelhava como o "modo 8-bits" de Mega Man ZX Advent, mas melhorado. Afinal, tivemos dois jogos criados no meio tempo entre tal extra e o novo jogo. O senso comum tende a ignorar isso tudo, então cabe a quem quer escrever - ou gravar, tanto faz - levar tudo isso em conta. Se não, qual o objetivo de se fazer uma resenha? Abaixo, um vídeo do "modo 8-bits" de Mega Man ZX Advent em ação. Não esperem nada extraordinário, mas é preciso começar de algum lugar, não?


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5 Comentários:

  1. Eu achei o jogo bem fraquinho, o level design ta muito unitivo e parece que não funciona direito, gostei muito mais do azure striker gunvolt ou o mighty no 9, mas as novas mecanicas de montar seu próprio tiro são interessantes, apesar de não funcionar muito bem tbm, mas pode ser um bom teste pra jogos futuros.

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  2. Batata Potato Patate2 de agosto de 2017 às 11:56

    Bom, o jogo FOI feito por gente que fez jogos de Mega Man por anos [Mega Man Zero, Mega Man ZX, Azure Striker Gunvolt], então faz sentido que tenha similaridades.

    O pessoal só comenta de ser M#9 porque M#9 foi ruim pra caraca.

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  3. Não concordo que MN9 tenha sido tão ruim quanto a maioria fala, mas esse é outro assunto que ainda vou escrever por aqui. O ponto é que, se mesmo com tantos jogos no histórico da Inti Creates, o único que os pretensos resenhistas se lembram é MN9, estamos favados a seguir no senso comum. E isso me desagrada.

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  4. Batata Potato Patate4 de agosto de 2017 às 15:30

    'Fadados'.

    Só sugiro tomar cuidado com a forma como a crítica é feita, uma vez que o projeto teve controvérsias diversas.

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  5. Nem notei que digitei errado. Bem, as controvérsias de Mighty no. 9 não são algo que se pode ignorar, mas também não se pode reduzir o jogo a elas. A bem da verdade, a sensação que eu tenho é que justamente todos esses problemas de bastidores ditaram a imagem mental que o jogador médio tem do jogo, não dando muito espaço pra uma percepção própria do mesmo. Como eu já havia testado as duas demos antes do jogo sair, eu já imaginava como ele seria e o resultado final não me surpreendeu. Se por um lado a roupagem visual não impressiona, a jogabilidade é cheia de boas ideias.

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