Myth-Buster - Desvendando pequenos boatos (parte 2)

Já faz mais de um ano desde o último Myth-Buster, então é bem provável que alguns leitores não conheçam essa que foi por muito tempo a sessão mais popular do Rockman Central. Tal como o nome sugere, o Myth-Buster existe para analisar e desmentir os vários boatos e teorias relacionados a Mega Man. O veredito é sempre que tais ideias são falsas? Nem sempre, mas em muito dos casos sim. Ainda no começo do Rockman Central, fiz um Myth-Buster dedicado a desmentir pequenos boatos que por si só não renderiam um texto inteiro. Pois bem, os pequenos boatos voltaram a se acumular, não me deixando escolha se não investigá-los e expor os resultados. E aos donos de páginas do Facebook e afins, fica um apelo: procurem as fontes de suas informações antes de compartilharem conteúdo. Pois caso o contrário, acabarei tendo mais conteúdo para uma parte três...

#1 - Rush tem seu nome em homenagem a banda Rush?

Essa é uma "curiosidade" bem popular, e sempre figura nas páginas de Mega Man em postagens de curiosidades. Mas segundo Keiji Inafune, o criador de Rush, tal informação não procede. Nas palavras do mesmo, "Na verdade, para Rush, houve o jogo Rush 'n' Crash que a Capcom havia feito anteriormente e que eu gostava muito. Para o nome "Rush", não houve necessariamente uma referência musical." Ou seja, Rush não foi nomeado em homenagem a banda, mas sim a um jogo da própria Capcom. Boato desmentido.

#2 - Mega Man & Bass seria lançado para Nintendo DS?

Tal informação foi divulgada originalmente no portal Rockman Perferct Memories, que em termos simples seria algo como um equivalente internacional ao nosso "Mundo de Rockman". Ou seja, um portal que compila informações básicas para os marinheiros de primeira viagem, e que possui um fórum para os membros velhos de guerra. Em 2006, foi noticiado por eles que a Capcom estava criando uma nova versão de Mega Man & Bass para Nintendo DS. Essa versão usaria o mesmo estilo gráfico que Mega Man Powered Up, mas com gráficos 2D. Tudo muito belo, mas a realidade é que se tratava de uma brincadeira de primeiro de abril. Na própria página que originou a pegadinha é possível confirmar que não se trata de um jogo real. Nela, além da confissão da brincadeira, é possível confirmar todos os nomes envolvidos na pegadinha e todos os sprites usados nela. Mas mesmo sem isso, um breve exercício de lógica ajuda a mostrar que tal jogo não teria como ser real. Vejam bem, em 2006, o Nintendo DS recebia o lançamento de Mega Man ZX e de Mega Man Starforce. Um Mega Man para o nicho plataforma, e outra para o nicho RPG. Outro Mega Man de plataforma criaria concorrência interna, que seria desinteressante para a Capcom. Pior ainda. Por se tratar de um jogo com visual inspirado em Powered Up, ele poderia acabar por roubar vendas do mesmo. Some isso ao fato de que o Gameboy Advanced - um console do qual o DS rodava os jogos - também havia ganhado uma versão de Mega Man & Bass. Logo, teríamos uma saturação total desse título. As imagens criadas pelos autores da pegadinha são bem competentes, mas nem por isso tal jogo seria uma boa ideia. Não atoa ele não era real.

#3 - Axl foi construído por Dr. Cossack?

Teria o cientista russo construído o reploid metamorfo de Mega Man X7? Bem, como um certo cientista já disse no passado "Alegações extraordinárias exigem evidencias extraordinárias". E quais provas temos de que Cossack construiu Axl? Bem, nenhuma. Na verdade, tudo aponta para o contrário. Mega Man X7 acontece mais de cem anos depois da série clássica, e certamente Cossack já está morto nesse período. Isso por si só já inviabilizaria essa ideia. Mas para tornar tudo ainda pior, Axl não era um reploid comum, mas um protótipo de uma nova geração de reploids. Ou seja, ele era a evolução de uma tecnologia que Cossack sequer viveu para ver. Seria improvável ele ter construído Axl no presente da série X, tampouco ele teria conhecimento para ter feito isso no passado. Ou seja, por não haver nenhuma evidência que de suporte a essa ideia, mas que hajam fatos que tornem isso uma impossibilidade, pode-se considerar que tal afirmação é falsa.

#4 - Inafune disse que Mighty no. 9 é "melhor que nada"?

Esse caso é tão repetido que quase ganhou um Myth-Buster próprio, mas como se trata de uma informação pequena e fácil de se averiguar, não é necessário um texto muito grande. Pois bem, tal situação surgiu em uma coletiva de Inafune feita no Twitch. Inafune falava em japonês, e era traduzido para inglês por Ben Judd, que é membro e tradutor da Comcept. Judd tem certa tendência a fazer "livres interpretações" das falas de Inafune, e nesse caso não foi diferente. Enquanto Inafune se responsabilizava pelos problemas do jogo e alegava fazer o possível para concluí-lo, Judd acabou por confundir o sentido da fala de Inafune, gerando essa confusão. Ou seja, um mito gerado por um engano.

#5 Bass e Vile são o mesmo personagem?

Basicamente tudo o que eu disse sobre o caso de Axl e Cossack também se aplica aqui. Primeiro, não há nada que ligue Bass e Vile de modo a se supor que eles possam ser o mesmo personagem. Longe disso. Na prática, a única semelhança entre ambos é o papel de anti-herói, que é meramente questão de arquétipo. Se formos supor que personagens do mesmo arquétipo são sempre os mesmos, então teremos que supor que em toda a história da ficção, só existe um personagem de cada arquétipo, e que eles se disfarçam a cada nova história em que aparecem. Em um sentido metalinguístico isso pode fazer algum sentido, mas do prático não faz. E ao contrário de Zero, que também é apontado como um personagem derivado de Bass, Vile sequer tem ligação direta com Dr. Wily, logo não há uma origem em comum com Bass. Os poderes de ambos também são distintos, e mesmo o visual dos dois tem pouco em comum. Na prática, ambos só compartilham a cor roxa e os detalhes amarelos, em tons e proporções diferentes, que na prática são mais um clichê visual de vilões do que qualquer outra coisa. Considerando que Reploids são mais modernos que Robot-Masters e que a criação dos dois é separada por no mínimo cem anos, transformar um personagem no outro não seria nada prático. Sem contar na grande incógnita de que quem faria isso, e por qual motivo. Ou seja, na falta de evidências, e na improbabilidade da proposição, é possível conceber que tal teoria é falsa.

Fontes:

Myth-Buster - Desvendando pequenos boatos (parte 2)

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