Desventuras de um fã de Mega Man

    Olá pessoal! O post de hoje vai ser um pouco diferente do padrão que postamos aqui no blog, já que se trata mais de um relato pessoal sobre como me tornei fã eo Mega Man e tudo que ocorreu nesse processo. Afinal, cada um tem lá suas histórias para contar, certo? A ideia de expor essa parte da minha vida em texto veio de uma conversa que tive com o André (membro da equipe do blog) e imaginei que renderia um texto bem bacana. Então sem mais delongas, senta que lá vem a história.

Vamos começar?

O COMEÇO DE TUDO

     Assim como muitas crianças brasileiras que nasceram antes dos anos 2000, tive a oportunidade pegar o finalzinho de uma era marcada por animações aclamadas até hoje, como exemplo: Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z, Sonic SatAM (como é conhecido mundo à fora), Sonic Underground, Pokémon, etc. Lembro muito bem das manhãs de sábado onde acordava cedo, antes das 6:30, corria para a sala e sintonizava no SBT para pegar o começo do quadro Sábado Animado (perdura até hoje mas com qualidade inferior das animações na minha opinião). Um dos desenhos que mais gostava era Mega Man da extinta Ruby Spears que, apesar de grotesco para os padrões de normalidade, era extremamente divertido e era meu favorito junto com o desenho do Sonic.

     Infelizmente a programação de exibição mudou alguns meses após eu ter começado a acompanhar o desenho, que agora passava a ser exibido pelas manhãs de segunda à sexta. Isso me deixou muito chateado pelo simples fato de estudar pela manhã e não conseguir assistir nada quando chegava em casa (esse foi o mal que atormentou muitas crianças que não tinham TV à Cabo em suas casas). Nunca me conformei com essa mudança e ficava me perguntando se algum dia conseguiria assistir algum episódio novamente. Infelizmente isso nunca aconteceu, e fiquei mais uns anos sem ter contato com o azulzinho. No entanto, os poucos episódios que assisti foram suficientes para acender uma chama que permanece acesa até hoje.

Falem o que quiserem, ao menos a abertura é bem massa

     A curiosidade aumentou mais ainda quando soube por meio de colegas de turma que o desenho era inspirado em um jogo de video-game. Partindo deste ponto, comecei uma busca incansável para descobrir onde poderia encontrar o bendito jogo. Infelizmente meu contato com consoles era limitadíssimo, especialmente por serem considerados como "artigo de luxo" - leia-se caro de adquirir, tanto o console como os jogos (sejam cartuchos ou CDs) - por isso só consegui por as mãos em um Super Nintendo lá para meados de 2003~2004 quando fui na casa de um amigo que me chamou para jogar Super Mario WorldBomber Man 4, Top Gear (do 1 ao 3000), Mario Kart, etc.

     Foi paixão à primeira jogatina e comecei a querer comprar um também. Mal sabia eu que o console já não era mais produzido e que encontrar um modelo em bom estado de conservação era algo quase impossível (a maioria era vendida já usada e com a típica cor amarelada presente na carcaça). Para completar meu aborrecimento, meu pai se recusava a me dar um de presente, e pedir que minha avó quebrasse esse galho estava fora de cogitação, me restando apenas alguns jogos que tinha no Desktop da casa (um daqueles PCs primitivos com Windows 98 instalado e uma série de jogos do próprio sistema).


PRIMEIRO CONTATO COM UM JOGO DO MEGA MAN

         O ano era 2005 e lá estava eu novamente entediado numa tarde qualquer. Após fazer as tarefas da escola e perceber que não havia nenhum filme bacana passando na Seção da Tarde, decidi revirar algumas caixas de CDs e Disquetes que meu pai guardava em uma estante. Para minha surpresa me deparei com um daqueles CDs que traziam 1001 programas, jogos e utilitários que ainda funcionava e não apresentava arranhões em sua parte traseira.

     Inseri o disco no drive de CD-ROM do computador e comecei a navegar pelas pastas até que me deparei com uma em específico intitulada 'Jogos'. Nem preciso falar que me empolguei demais em saber que haviam dois jogos realmente bacanas perdidos por lá: Sonic 3 & Knuckles e Mega Man X3. O resultado foram tardes de jogatina onde eu só conseguia perder todas as vidas na fase introdutória do jogo, mas nem isso me deixou desestimulado com o jogo e lembro muito bem de ter comemorado bastante quando consegui derrotar o Gravity Bettle pela primeira vez (o maverick mais fácil de ser derrotado com base na minha experiência de milésimas tentativas e fracassos).


Eis a versão para PC do saudoso X3

A FASE 'BATTLE NETWORK'

          Uns dois ou três anos depois de ter assistido algum episódio do cartoon da Ruby Spears fiquei sabendo pelos meus colegas de turma que havia uma nova animação do Mega Man no pedaço. Nem preciso dizer que fiquei empolgado, e para minha surpresa a animação possuía uma temática totalmente diferente dos outros jogos. Se tratava da versão americanizada do anime Rockman.EXE, que por aqui ficou conhecida como MegaMan NT Warrior, e era exibido durante as manhãs (de segunda à sexta) num horário que eu conseguia pegar metade de cada episódio se voltasse correndo da escola.

     Foi uma luta pois, novamente, a animação só passava em um horário ruim para mim e quase nunca dava para chegar à tempo de pegar sequer um único episódio do começo. Mas nem tudo foi ruim. Nesse meio tempo começaram a brotar comerciais de action-figures, cadernos, card games e o icônico Advanced PET (fiz uma análise sobre um modelo diferente aqui). Como sempre, meus colegas gostavam de comprar e colecionar essas coisas e levavam os cards para brincarem durante o recreio. Um ou outro mais rico conseguia comprar um PET e batalhava, enquanto o resto da pobrada ficava só olhando. Para mim, eles eram algo revolucionário, já que eu nunca tinha visto um "mini-game" que contava com um modo para 2 jogadores (sem mencionar o gameplay onde são usados réplicas dos Battle Chips presentes no anime durante as partidas, até hoje me lembro do quão bacana eram as jogatinas).

Isso custava o olho da cara mas era MUITO divertido

Haja grana para ir na vendinha da esquina toda semana para comprar cards xD

     Apesar dos pesares, o pouco contato que tive com esses elementos da série Battle Network foi o suficiente para me fazer ficar interessado em saber ainda mais sobre a franquia Mega Man como um todo, e seria apenas uma questão de tempo até que eu pudesse saciar essa minha curiosidade, pois,um acontecimento "marcante", por assim dizer, estava para acontecer em breve.

FINALMENTE INTERNET EM CASA!

     Uma coisa que me chateava bastante era que todas as pessoas que conhecia, sejam colegas de turma ou amigos de família e vizinhos, tinham um PC com acesso à internet banda-larga em casa e podiam acessá-la a qualquer momento do dia, enquanto lá em casa só tínhamos a velha Internet Discada. Além da baixa velocidade de conexão, taxa de download horrível (alcançava "incríveis" 10 Kbp/s quando a coisa tava boa mesmo) e quedas constantes, meu pai limitava o uso apenas para fins de semana, sendo Sábado depois das 14h e Domingo o dia inteiro quando o acesso era gratuito.

     Lembro que contava os dias com altas expectativas para o fim de semana onde poderia usar a internet, ou pelo menos passar quase uma tarde inteira para carregar apenas um jogo em Flash. Nesse meio tempo ouvi por meio de amigos que havia uma forma de jogar jogos de vídeo-game no computador usando um programa chamado emulador, no começo não acreditei pensando que era pura balela mas não poderia estar mais enganado. Uns dias depois descobri que era verdade mesmo quando fui para a casa de um primo e me deparei com o M.A.M.E. e uma porrada de jogos de arcade.

     Daí tive meio que um estalo e pensei: "Se existe emulador de máquinas de arcade então deve haver algum de Super Nintendo também." Demoraria um tempo até poder tirar essa dúvida, mas finalmente tive uma janela de oportunidade nos meses que se seguiram, pois, a Embratel tinha um plano de acesso à internet onde utilizava-se um telefone como modem 2G para acessar a internet. Para minha alegria finalmente meu pai contratou o plano e desde o primeiro dia em que os acessórios foram adquiridos eu passava tardes navegando pela web atrás de jogos e emuladores. A coisa foi bem gradativa, comecei pelo Super Nintendo com o Snes9x e passei a pesquisar sobre emuladores das mais diversas plataformas (Game Boy Advance, Playstation, Mega Drive, etc.), sempre procurando por jogos do Mega Man é claro. Foi com o VisualBoyAdvance que encontrei o que procurava por tanto tempo, o tão falado Mega Man Battle Network (li bastante à respeito no antigo portal Fliperama).

Com esses jogos me tornei um verdadeiro viciado

      Fiquei bastante surpreso ao descobrir que haviam 6 jogos na linha principal e que, à partir do terceiro título lançado, cada jogo tinha duas versões (coisa bastante similar com os jogos da franquia Pokémon). Também tive a oporotunidade de tentar me adaptar ao primeiro jogo da quadrilogia Mega Man Zero e lembro de ter considerado o nível de dificuldade do game como intensa, especialmente para uma pessoa que não tinha muita familiaridade com jogos do gênero.

VÍCIO PESADO

     No idos de 2008 meu pai assinou o plano internet 2G mencionado mais acima permitindo que finalmente eu pudesse ter maior acesso aos emuladores e ROMs das mais variadas plataformas. Começando pelo GBA, aproveitei para baixar todos os 6 jogos da série Battle Network e dei início a um longo período de vício que nunca havia experimentado antes na vida, pois, estava determinado a finalizar todos eles coletando todos os itens secretos e liberando missões secretas que estivessem disponíveis. Sem dúvidas seria um tamanho feito e que demandaria uma boa dose de tempo e dedicação, para isso eu jogava sempre que tinha chance.

     O maior ladrão de tempo nessa época foi o Battle Network 4 - Red Sun, que era bastante desafiador para mim pois eu não tinha um bom entendimento da língua inglesa, o que fazia com que o progresso na trama ocorresse de forma bem lenta. Some isso ao fato de ainda estar me acostumando com o sistema de batalha do jogo e temos a fórmula perfeita para muitas tardes de jogatina desenfreada que interferiram bastante no meu rendimento escolar (estava na 6ª série naquela época). Para se ter uma ideia do quão eu estava viciado, lembro de ficar na escola após o término das aulas para poder fazer as atividades de casa junto com alguns colegas só para poder ter a tarde toda livre para me aventurar nas muitas quests do jogo.

A imagem que melhor define esse período da minha vida heheh xD

     A coisa ficou feia mesmo quando as notas baixas surgiram no boletim, especialmente em Matemática (que até hoje me aflige das mais diversas formas). Nem preciso dizer que peguei um castigo severo e só fui tocar no PC da casa novamente depois de uns 6 meses. Dá pra imaginar a crise de abstinência, certo? Sei que depois de muito esforço consegui passar de ano e me vi livre dessa restrição. Sem mais delongas retornei com a jogatina... Ao todo, de acordo com o contador do jogo, gastei incríveis 50h de jogatina!! Lembro de ter finalizado o BN4 várias vezes (porque você não consegue cumprir 100% dos objetivos em uma única jogada) e ter dedicado bastante tempo aos outros Battle Network.


PRIMEIRO MEGA MAN DE CONSOLE E ALÉM

     Depois de um bom tempo me contentando apenas com o PC para minha jogatinas, lembro muito bem de meu pia ter mudado de postura com relação a comprar um console, afinal de contas estávamos vivendo financeiramente melhor do que uns anos atrás. Fiquei até surpreso de ver que uma encomenda chegou dos correios em uma tarde e após ter desembrulhado o pacote vi que era um... discman que tinha função video-game.

     Tenho que admitir que estava num misto de alegria e decepção, primeiro porque bem... Era um console! E vinha com um CD recheado de ROMs de NES, porém, estava desapontado porque não era um console de marca e muito menos com jogos atuais. Mas como diz o ditado "cavalo dado não se olham os dentes", então calei a boca e fui jogar. Para minha surpresa encontrei o primeiro jogo do Mega Man e sem hesitar comecei a jogar. Contudo, a dificuldade insana que esse jogo tem me fez desistir dele. 

Um console emulador de bolso, o que mais um retrogamer poderia querer?

     Fazendo um salto para o ano de 2011 meu pai ouviu falar no trabalho de uma espécie de MP5 que emulava jogos de várias plataformas. Nesse meio tempo já estava curado do período de vício que mencionei mais acima, a notícia me deixou animado e corri para a internet pesquisar sobre, por fim descobri o que tão falado aparelho era o Dingoo A320 (um console retro-emulador chinês vendido à preço de banana). Com cada review que lia e vídeo que assistia ficava com mais vontade ainda de comprar um, especialmente porque poderia desfrutar dos meus jogos favoritos em qualquer lugar, sem mencionar a possibilidade de jogar na TV (o Dingoo vinha com um cabo A/V Out longo o suficiente para alcançar a TV e o sofá).

     Depois de uns meses juntando grana eu finalmente consegui por as mãos em um e a sensação foi foi muito boa, basicamente abandonei o PC por uns 2 anos e só jogava no Dingoo. Dentre os muitos jogos do Mega Man que tive o prazer de finalizar nele, também tive contato com os clássicos da Nintendo e SEGA e finalizei uma boa porção de jogos, dentre eles: Sonic 1, 2 e 3 para Mega Drive, Super Mario RPG, a trilogia Sonic Advance, Super Mario World, Adventure Island, a série Mega Man Zero, etc.

     Por último comprei um Nintendo DS e um Wii uns dois anos atrás e assim pude contemplar melhor títulos como Mega Man 9 e 10, os jogos da série Star Force, ZX/A assim como outros jogos bem conceituados. Atualmente estou junto como uma multidão de fãs que aguardam ansiosamente por mais novidades sobre nosso robozinho azul favorito. Enfim, espero que tenham gostado desse meu relato... Tenho certeza que muitos de vocês também possuem muito o que contar sobre suas infâncias hehe... Então é isso, nos vemos no próximo texto!



     
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